XIII Circuito Mercosul de Travessias
Quando recebemos o troféu de primeiro no Ranking na Categoria Amigos especiais eu olhei para trás para ver o longo caminho que percorremos, Eu, Flavia Borba e meu Marido, Ruy que nunca duvidamos do nosso compromisso e tínhamos um garoto especial e fantástico nas mãos, podemos dizer que é fantástico olhar e ver a caminhada firme, não sabemos onde vai dar, mas acreditamos nela.
Não pude deixar de resgatar este texto abaixo que foi a abertura desta história que fez um trabalho muito bonito de divulgar entre as pessoas, o Autismo, gerar curiosidade para as diferentes formas que ele pode se manifestar, o Renato é Síndrome de Asperger, não tem problema com a fala, mas cada autista é diferente, uns demoram mais que outros a descobrirem o nosso mundo, alguns, como a Temple Granding levam 8 ou 9 anos para despertar e só despertam porque alguém não desiste deles, mas como hoje o mundo agradece aos pais da Temple Granding pelo Progresso no Campo, amanhã nós agradeceremos aos pais dos milhares de Autistas que estarão no mercado de trabalho mostrando para nós o que a gente não vê.
Parabéns a Vocês pela idéia de reunir a todos para que a gente posso um ajudar ao outro mostrando o que já conseguimos.
Texto de 2009 - Site Travessias.com - Postado por Flavia Borba
Renato Brum - Primeiro Autista Que Completa Prova de 1500m
Quinta, 02 de Abril de 2009
Foi o maior orgulho ver o Renato, meu filho, receber uma homenagem por ser o primeiro menino autista a completar uma prova de 1500m em águas abertas durante o X Circuito Mercosul de Travessias.
Quando descobrimos que nosso filho tinha Síndrome de Asperger (Autismo sem atraso na fala) não foi uma grande frustração, já sabíamos que ele não era igual às demais crianças. Assim decidimos que devíamos ser Pai e Mãe profissionais e não pais simplesmente como uma consequência da vida. Hoje em dia muita gente tem na profissão sua prioridade de vida, então ser pais profissionais significa ser pai (ou mãe) como prioridade. O portado de Asperger é uma pessoa que pensa de modo diferente dos demais: ele não tem prazer de estar no nosso mundo, mas tem um prazer incrível em estar sozinho consigo mesmo. Sempre que pode ele tenta desesperadamente voltar para a sua toca e ficar sozinho com seus pensamento. Ele gosta de fazer amigos, mas a tentativa é, muitas vezes, frustrante, pela sua falta de capacidade de entender os demais.
Nossa prática nos levou à conclusão que em quanto mais tarefas nós o colocássemos, menos tempo ele teria de se ausentar. Acreditamos que um problema neurológico não pode ser justificativa para uma pessoa nao ter uma boa condição física e uma boa postura. Os esportes coletivos eram inviáveis, porque a ausência dele do mundo criava problemas com os companheiros. A natação caiu como uma luva, era um esporte individual e tinha a professora Luciana Pigatto disposta a trabalhar com ele no Juvenil. Além do mais o fato de as aulas e treinamentos serem coletivos viabilizava alguma possibilidade de socialização.
Iniciaram as aulas e vimos, desde o princípio, o quanto era positivo para ele. Era ótimo, pois ali ele tinha que estar pelo menos um pouco presente. Na água, se ele viajasse dentro do seu mundo, ele afundava.
A Professora Luciana Pigatto enfrentou dificuldades para se comunicar com ele, muitas vezes ele não escutava as instruções e acabava afundando, mas o bom era que depois de tomar um caldinho ele voltava com mais atenção. Medo era um sentimento, entre outros, que ele desconhecia e ela tinha muita paciência.
Não sei em quanto tempo ela conseguiu fazer ele dar suas primeiras braçadas, mas com carinho e atenção, ele aprendeu a nadar. Para o Renato a natação serve, na mente, para ajudá-lo a entender que existe um mundo além do “dele” do qual ele deve participar e, no corpo, faz com que ele tenha uma boa postura. Apesar da Síndrome não ter nenhuma ligação com a condição física, geralmente o resultado é uma má postura.
Foi incrível ver ele começar a nadar e mais incrível ver ele naquele pódium. Quando foi homenageado pelo Circuito Mercosul de Travessias ele não queria acreditar que ia subir no pódium e ao sair do pódium da categoria Pampo-PPNE disse: “ Que legal, eles são diferentes por fora e eu por dentro. Eu tenho o cérebro diferente.”
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